quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Perdas e verdades

Olhando através da janela, contemplo o triste céu nublado, encoberto por densas nuvens, carregadas de água, pronta a desabar sobre nossas vidas monótonas, em mais um dia, sem final feliz, sem canto, riso e prosa.
A vida passa diante de meus olhos em flashes assustadores, como se algo estivesse errado, como se algo faltasse e se despedaçasse antes mesmo de chegar a existir, algo tão inacabado que não faz sentido algum diante da imensidão de pensamentos que assolam minha mente, entoando todas as mentiras e verdades que carreguei ao longo da vida.
Tudo se torna uma triste surpresa diante dos fatos em que nunca quis eu acreditar. Tudo se torna uma verdade inaceitável diante da maior das verdades, que talvez fosse a maior mentira que por certo carreguei durante toda a vida.
As mentiras tornaram-se refúgios solitários em meio a um vazio desolado que assola a mente perturbada durante a triste noite vazia que se passa no frio, em meio a cobertores aconchegantes, mas que não possuem o calor do afeto que se faz necessário.
As verdades tornaram-se apenas enfadonhas diante das mentiras reconfortantes de outrora, agora, elas apenas perturbam conforme o tempo passa, elas se tornam verdadeiras.
As tristezas tornaram-se uma coleção de relíquias, que a cada dia que se passa , fica mais completa, devido a sua ocorrência ser demasiadamente grande.
As saudades agora são abstratas, elas vêm e vão a todo o momento, em meio a uma despedida dolorosa ou ao saudosismo em uma conversa entre amigos.
O choro já é reconfortante, devido ser a mais bela expressão daquilo que se foi e não volta mais, que você sempre soube que não haveria volta e que de fato, não houve.
A rima já não se faz mais presente, pois os poemas esgotaram-se como o amor e paixão que foram apagados definitivamente do coração.
O poeta se foi, o amor se escondeu, a verdade é verdade mesmo e não mais uma distante mentira. A vida tornou-se enfadonha por não fazer mais sentido. Os pássaros gorjeiam, mas não há mais a sinfonia bela das manhãs ensolaradas pelo amor que se foi e nunca tornou ao seu lar abandonado, triste, quebrado, despedaçado e esquecido.
A verdade seja dita, a vida não é do jeito que esperamos, as pessoas vão, outras ficam, sentimentos acabam, mas as dores ficam, em meio a tantas coisas pelas quais temos que passar, a perda é a pior de todas, pois nunca estamos esperando por ela, sempre existe a esperança que nunca acaba que não se faz presente no momento em que precisamos dela.
Perdas e verdades, coisas as quais não sabemos lidar direito, sentimentos com os quais, uma vida toda de experiências não é capaz de lidar, mas infelizmente estamos sujeitos a passar por eles. As perdas são irremediáveis e necessárias. Já a verdade, embora a temamos, é o melhor remédio para aceitação dos dias difíceis aos quais sobrevivemos, e que deles, um dia ainda riremos.

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