sábado, 15 de agosto de 2009

Banalizando

Estive reparando, tenho me sentido muito saudosa nos últimos tempos, talvez de um ou dois meses para cá. Pode ser um sentimento estranho às vezes, acho que no meu caso está relacionado a saudades muito bem fundadas de amigos que estão longe e não voltarão tão cedo, saudades do tempo que passávamos juntos e esse tipo de coisa. Mas esse saudosismo exacerbado que me tomou recentemente tem me tornando um pouco azeda, não que antes dele eu não fosse, mas nesses tempos tenho chegado ao um estado que consigo ser mais crítica do que pessoas que ganham a vida sendo críticas.
O motivo da minha crítica podem dizer que é amargura, podem dizer que é dor de cotovelo, podem dizer que sou ultrapassada e estamos no século 21 e todo esse blábláblá, mas como eu disse na ultima postagem crianças, Eu sou do tempo..., e embora não tenha dito isso no meu ultimo texto, eu sou do tempo em que não se dizia EU TE AMO, como se diz eu to com fome, mesmo se estando de barriga cheia.
Eu me sinto simplesmente revoltada com a banalidade que o mundo toma a cada dia, a futilidade que nos cerca e a falta de sentimento que ronda cada segundo de nossas vidas. Digo isso, pois venho reparando freqüentemente em alguns Nicks por ai, fotos de alguns por ai e vejo essa banalidade implícita em todas elas, em especial dos mais jovens, e quando digo mais jovens, não me refiro a jovens de 20 anos como eu, e sim a molecada de 15, 16 anos.
É incrível como eles dizem eu te amo com uma facilidade, com o perdão da expressão eles dizem “eu te amo’, como se dissessem “eu peidei”, é ridículo, nojento e escroto, como a frase que sugeri, o modo como dizem e do modo que dizem, chega a ser falta de respeito com os sentimentos, deles e do receptor da mensagem.
Em tempos como os nossos, em que quase tudo se tornou banal, respeito é brega e educação é uma palavra sem significado para muitos, a banalização do “eu te amo” já é deveras pesarosa, já extrapola limites, até mesmo os da sanidade, pois o que tinha pra banalizar já foi banalizado mesmo, agora o sentimento mais lindo e imaculado que um ser humano pode conhecer ser banalizado, é demais para minha mente de contos de fadas.
Você que está lendo ai, do outro lado da tela, pode ser um romântico apaixonado, uma pessoa sensata ou conservadora e até mesmo um cético em relação a amor e felicidade, mas sendo você um desses perfis citados ou outro o qual não citei, ou até mesmo preferindo não se encaixar em rótulos, todos nós vamos ter de concordar, a cada dia que passa tudo isso fica mais banalizado, os sentimentos vem perdendo a cor, o brilho e o seu real significado, a ponto de entristecer corações, causar depressões e acabar com ilusões de pessoas que um dia desses, ainda acreditavam nas palavrinhas mágicas e foram enganadas por essa banalização desenfreada do “eu te amo”, inclusive você que se diz cético, pode ser uma delas.
Lembrem-se sempre, em especial, os espertinhos de plantão que adoram dizer “eu te amo” até para o guarda noturno da rua, embora esse nunca seja o mesmo, e você nem saiba o nome do sujeito, e na maioria das vezes que você o viu, estava chegando bêbado da balada! O amor é bonito, mas é difícil e amar não é gostar, o gostar do amor é o gostar das qualidades e, sobretudo, amar os defeitos, aqueles mais horríveis que você poderia citar em uma pessoa, mas que NAQUELA PESSOA, eles caem perfeitamente bem e se tornam qualidades. Então, só diga "eu te amo", quando tiver a certeza de que não está dando pérolas aos porcos, em especial, quando esse porco é você.

Ouvindo: Blood Brothers - Iron Maiden