segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Inapta

Eu não nasci para um mundo de falsos sorrisos, de gente que preenche o vazio com o que há de mais vazio que se possa imaginar. Não nasci para falsas declarações, nem para mentiras que melhoram situações. Não nasci para amigos demais, gente demais, lugares lotados, pessoas simpáticas e todo esse mundinho pop. Não fui feita para ser legal porque me convém, nem para aceitar críticas fundadas na inveja, muito menos fui feita para aturar a hipocrisia que emana de cada sorriso mal disfarçado, pela dor de cada um que finge ser feliz. Não nasci para um mundo cheio de sorrisos forçados, abraços falsos, amigos de balada, jovens autodestrutivos. Não fui feita para um mundo cheio de ignorância, falta de personalidade, falta de bondade e caridade, ausência de altruísmo e maldade por todos os cantos. Um mundo ao qual não pertenço, é o mundo no qual vivo, e isso não me traz nenhuma perspectiva, não que traga a você também, pois nós dois vivemos nele, porém você pode estar cego pela falta de coerência de suas ações e pensamentos.
Nasci para um mundo onde existe compaixão e sentimento, onde as pessoas enfrentam seus problemas e amadurecem quando é chegada à hora. Nasci para um mundo onde as pessoas ainda pensam, valorizam o pensamento e a identidade alheia. Nasci num mundo onde se chora quando se está triste e se sorri quando se está alegre, um mundo onde os pássaros ainda cantam e as plantas ainda dão frutos. Eu nasci para um mundo onde você ainda pode ser você mesmo, não precisa ser legal e nem pop para ser bem aceito. No mundo para o qual eu nasci você não precisa ser igual a todo mundo, e se você não gosta de estar no meio onde foi aceito, as pessoas entendem isso perfeitamente. Nasci para um mundo no qual a inveja é abominada, onde amigos são aqueles que te amam de verdade e não aqueles que esperam que você seja igual a eles. Nasci para um mundo onde casais são felizes para sempre, onde amizades entre sexos diferentes existem, onde hipocrisia é ridículo, e sinceridade, em especial consigo mesmo, está super na moda. Eu nasci para um mundo onde as pessoas não se autodestroem e em que as pessoas tentam ser felizes sem se fazer valer de falsos artifícios.
O mundo para o qual eu nasci não existe, talvez nunca tenha existido, ou talvez ele exista no mundo que eu criei para mim mesma, longe de toda essa loucura cotidiana que me cerca, longe dos dedos que me apontam por ser diferente, longe daqueles que me olham com desdém, porém sentem inveja. Posso ser chamada de careta, de metida, de autista se você assim preferir. Você pode se referir a mim como quiser, do ponto de vista de sua insignificância e mediocridade hipócrita, a qual você disfarça com unhas e dentes, somente para esconder seus traumas, ou para ser mais um serzinho pop e fútil em cima do planeta, prefiro ficar no meu mundo inóspito para sua vida desenfreada, porém aconchegante para alguém que pensa.
Tenho certeza que não fui feita para nenhuma dessas falsas idéias, as quais hoje se tornaram verdades absolutas e incontestáveis, as quais chamam de modernidade. Não acredito em nada do que você acredita, tão pouco acredito que isso mude algum dia, somente posso afirmar que meu mundo é meu lugar e isso não vai mudar.

Ouvindo: Over you - Chris Dauhgtry

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