domingo, 25 de outubro de 2009

Insubstituíveis

Existem momentos especiais, pessoas sensacionais, sentimentos que ficarão para sempre em cada coração que o sentiu. E embora não mais exteriorizados, eles permanecem lá, estacionados, congelados no tempo que não os tornou menos fortes, mas que apenas fez nos aceitar que eles deveriam ser guardados, aceitos como imaculados, e antes que se perdessem em meio a tantos erros aos quais nós os sujeitamos, eles deveriam apenas permanecer em sua forma bela, pura e imaculada, para que absolutamente nunca, possam ser sujos com sentimentos grotescos, como ódio e raiva, que nada mais são do que o resultado dos erros que cometemos a cada minuto em nossa falta de percepção e tato do que a vida nos ofereceu, e que sem ao menos percebermos, nós estragamos com apenas uma palavra ou com a ausência de um gesto.
A cada passo que nós damos, a cada música que escutamos, a cada longo segundo que passa após o fim, nós achamos que nos tornamos fortes, que estamos superando, e chegamos a acreditar na tolice de que já não sentimos mais, mas nesse exato momento é quando se ouve a música que faz o coração quebrantar, é quando se lembra dos momentos especiais, é quando vemos alguém passando pelo mesmo que passamos há meses atrás e nesse exato momento é que notamos, que embora o tempo passe, as coisas mudem e tudo pareça ser diferente do que era quando o céu ainda era cinza, percebemos que jamais poderemos substituir quem de fato é insubstituível.
Os dias já passam sem demorar, as risadas já voltaram e as lágrimas secaram por fora, mas elas ainda escorrem por dentro, dentro de uma idéia fixa, dentro da esperança que já não existe, dentro da vida que só é colorida por fora, mas que por dentro insiste em nascer cinza, pois o Sol já se foi há tanto tempo. Tudo que nos resta nessa situação é aceitar o cinza do outono, pois o inverno já foi embora, em meio a tantas lágrimas derramadas, a tantos prantos consolados pelo ombro amigo que nunca te abandonou, mas o outono nunca se tornará verão, e quando se sabe disso, a vida tende a ter um aspecto cinza, não frio, somente nebuloso, como qualquer outro tipo de falta de esperança, que é o que resta quando se conhece a dura realidade que a vida nos apresenta, existem pessoas insubstituíveis.
Chega o dia em que notamos que nenhum sorriso substitui a expressão séria, que nenhum elogio substitui a falta de doçura, que nenhuma tentativa bem sucedida de não brigar vai substituir as brigas travadas em outrora, que as saudades não são tão expressivas quando faladas e sim que elas realmente só são importantes quando apenas sentidas, e que o sentimento do agora é irrisório perto do choro de antes, das saudades do ontem, do sentimento sem precedentes que já se sentiu um dia, um momento de devaneio em meio a tudo que se conhece e que pode ser chamado de não outra coisa que somente e simplesmente amor.
Quando se percebe a diferença entre tudo que se teve e o que se tem, mesmo quando se tem a certeza de que o agora é mais saudável, mais macio, menos doloroso, nada conforta, porque não é como sentir como sentia antes, não é como não dormir pelo que não se dormia antes e não é nem um pouco mais fácil do que antes, é apenas menos doloroso, mas nem por isso é bom. Não é fácil sentir como se tudo faltasse, nada completasse, mesmo quando se tem tudo e se sente que não se tem nada, pois o tudo está apenas na memória, na recordação, no ontem, no passado, no que se foi e que não há de voltar.
Existem sentimentos, de todas as formas, intensidades, e existe um sentimento, um único sentimento, que se guarda para sempre, que não se desfaz com o tempo, com a distância, com a impossibilidade de se realizar, aquele que não se concretiza e que mesmo assim pode ser vivido, aquele que não foi correspondido, mas foi sentido ao máximo possível, o sentimento que mudou você, que mudou sua vida, sua visão, tudo que você conheceu que não pode nunca ser comparado a nada, que não pode ser esquecido, embora sempre machuque quando é lembrado, mas que é o único que fere sem causar mal, é aquele que fica guardado em nossa memória, que dele só restam às boas lembranças. É o sentimento que sempre guardaremos no coração, que a vida só nos permite sentir uma vez e que é a melhor parte de nós para sempre, é o sentimento que não se compara não se iguala e que nunca haverá definição, pois amor é pouco para tanto quanto ele.
Sempre existirão chances, pessoas, risos, vidas, mortes, momentos, felicidades, saudades, tristezas, paixões, amores e sempre existirá o que fica para sempre, o que é insubstituível, imutável, incomparável, sem definição e que embora não exteriorizado, estará sempre vivo, será sempre sentido e nunca, jamais, esquecido.

Ouvindo: Bella's lullaby - Edward Cullen

Um comentário:

  1. Insubstituível talento esse seu para escrever hein! Minha nossa, um dos melhores textos seus, e mais convenientes também ... =/

    Beijo!

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